ATA DA TRIGÉSIMA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORIDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 18.8.1992.

 


Aos dezoito dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e noventa e dois, reuniu-se na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Trigésima Sessão Solene da Quarta Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às dezessete horas e quinze minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a entregar o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues ao Senhor Airton Pimentel Silveira, concedido através do Projeto de Resolução nº 67/91, de autoria da Vereadora Letícia Arruda. A seguir, o Se­nhor Presidente convidou os Senhores Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Dilamar Machado, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor Airto Pimentel Silvei­ra; Senhora Zeni Irene Silveira, Esposa do Homenageado; Senhor Carlos Branco, Coordenador de Musica da Secretaria Muni­cipal de Cultura, representando o Prefeito Municipal; e Vereadora Letícia Arruda, Secretária “ad hoc”. Após, o Senhor Pre­sidente manifestou-se acerca da homenagem e concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. A Vereadora Letícia Arruda, proponente e em nome das Bancadas do PDT, PT, PTB, PPS e PV, referiu-se a homenagem ao Senhor Airton Pimentel Silveira, discorrendo sobre suas interpretações musicais e, também, sobre projeto de regionalização do sistema autoral, de Sua Senhoria, com o objetivo de beneficiar os autores musicais e acabar com o monopólio das gravadoras e editoras. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PDS, falou sobre a relevância da homenagem hoje prestada pela Casa, dizendo que essa forma de comunicação é a mais bela e universal entre os povos. Afirmou, ainda, que aqueles que fazem música são realmente beneméritos de tal homenagem. Ensejou sucesso ao Homenageado, res­saltando que isso o deixa mais jovem. A seguir, o Senhor Pre­sidente convidou a todos, para de pé, assistirem a entrega, pela Vereadora Letícia Arruda ao Senhor Airton Pimentel Silveira, do Diploma que concedeu o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues por sua valiosa contribuição para o enriquecimento das artes nacionais. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Senhor Airton Pimentel Silveira que agradeceu a Homenagem prestada por este Legislativo, comentando fatos ocorridos com Lupicínio Rodrigues. Falou, também, sobre as obras desse músico riograndense. Após, foram feitas apresentações musicais interpretadas pelos Filhos do Homenageado, pelo gaiteiro Moisés Silva, do CTG Pousada dos Carreteiros, de Sapucaia do Sul e pelo Senhor Daniel Flores. Às dezoito horas e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encer­rados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Dilamar Machado e secretariados pela Vereadora Letícia Arruda, Secretária “ad hoc”. Do que eu, Letícia Arruda, Secretária “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, sara assinada pelos Senhores Presidente e 2 Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Dilamar Machado): Senhoras e Senhores, temos a honra de abrir os trabalhos de mais uma Sessão Solene do Legislativo Municipal, hoje, destinada a entregar o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues ao Sr. Airton Pimentel Rodrigues. O Requerimento é da ilustre Vereadora Letícia Arruda, aprovado pela Casa por unanimidade, não só pelo reconhecimento que a Câmara Municipal tem pela figura pública de Airton Pimentel, mas porque, fundamentalmente, todos nós da Cidade de Porto Alegre e a Verª Letícia  Arruda acompanhamos a sua trajetória artística. E eu, particularmente, me sinto extremamente gratificado e honrado de ter o Airton conosco porque acima do artista, do músico, do compositor, do intérprete, do cidadão rio-grandense, o ser humano Airton Pimentel faz parte do rol das minhas amizades e dos meus afetos mais importantes. É uma alegria tê-lo ao lado de S.Exmª esposa Dona Zeni Silveira. Também compondo a Mesa conosco o Coordenador de música da Secretaria Municipal da Cultura, Companheiro Carlos Branco que neste ato representa S.Exª o Prefeito Municipal Olívio Dutra.

Com a palavra a Verª Letícia Arruda, neste momento, para iniciarmos formalmente esta Sessão, como autora da proposição, e para saudar o nosso homenageado Airton Pimentel.

 

A SRA. LETÍCIA ARRUDA: Presidente, companheiro Dilamar Machado; Dr. Carlos Branco, representando neste ato o Sr. Prefeito Municipal; Srª Zeni Irene Silveira; meu querido homenageado Airton Pimentel. Companheiros, amigos, colegas, admiradores de Airton Pimentel.

Tenho a honra de falar em nome da minha Bancada, o PDT, e em nome do PT, PTB, PPS e PV.

Nesta tarde estamos aqui reunidos para homenagear um dos mais expressivos músicos de nossa Cidade, gaúcho de renome nacional, que demonstrou seu pendor artístico não só na criação de partituras musicais, que falam de nossa gente, de seus valores, de sua história, como pelo cunho da personalidade que imprimiu nestas canções telúricas, que retratam a alma do povo gaúcho. Um homem simples, que teve sua infância no interior, na Cidade de Cachoeira do Sul, onde iniciou sua carreira, aos 17 anos de idade, dedilhando uma viola. É a Airton Pimentel, que recebeu de sua avó, que carinhosamente o criou, as primeiras noções da mais perfeita das artes - a música, pressentida pela emoção e que tem a sua frente o mundo vasto de harmonias inéditas, de sons infinitos para criações extraordinárias, que deram a imortalidade a Beethoven, Liszt, Chopin e tantos outros. É a ti, prezado amigo, que Porto Alegre, hoje, agradecida te presta esta homenagem de admiração. A capital gaúcha sente-se orgulhosa do filho que a adotou como sua.

Porto Alegre, com certeza, se tornou mais bonita, porque recebeu deste músico, detentor de incontáveis troféus de festivais brasileiros, uma contribuição de carinho, através de seu magnífico trabalho produzido na área musical. É a este homem humilde, a este artista incomum, que levou a música gaúcha para São Paulo e Rio de Janeiro, divulgando as tradições do Rio Grande, com seu talento e sua simplicidade. É a este poeta de alma telúrica, a este compositor e intérprete da música nativista, que Porto Alegre agradece por ter recebido e quem tanto cultiva a solidariedade, uma obra que a tornou mais humana, mais alegre e mais justa. Airton Pimentel, tua luta também é feita de democracia, trabalhismo e nacionalismo, trinômio que resume a tua garra. A memória é e será sempre a nossa maior testemunha. E neste momento, em que a capital gaúcha do poeta Mário Quintana e do saudoso músico Lupicínio Rodrigues, reverencia este incomparável criador e intérprete da música brasileira, cabe também, lembrar que, com Airton Pimentel, incansável lutador dos direitos do homem e da justiça social, os músicos de nossa terra tiveram a mais concreta campanha sobre os direitos autorais pela conquista da dignidade profissional de nossos autores. Foi Airton Pimentel, como Presidente do Sindicato dos Compositores Musicais do Rio Grande do Sul, quem promoveu um dos maiores debates sobre o tema já realizado no País. Prosseguindo nesta luta, Airton Pimentel, inclusive já elaborou um projeto que será apresentado à Câmara e ao Senado, que regionaliza o sistema autoral, com o objetivo de beneficiar os autores musicais e acabar com o monopólio das gravadoras e editoras. Nesta trajetória, Airton Pimentel, pretende resgatar e preservar a cultura do Rio Grande e do Brasil, e ambiciona também reunir todos os setores da cultura latino-americana no chamado "Centro da Memória Viva da América Latina", tendo em vista a unificação dos povos, através do Cone Sul. Nesta hora em que o Brasil reúne todas as suas energias e, confiante no civismo de seus filhos, empreende a marcha para o futuro, reorganizando as forças que deverão garantir a sua integridade política e territorial, é com viva alegria que vemos homens, como Airton Pimentel, arcar com a tarefa de defender seus companheiros e a integridade da Pátria, num esforço de fraternidade. É com orgulho e alegria que vemos este músico talentoso divulgar as tradições de nossa terra. Autor de incontáveis músicas, com seis discos gravados e com dezenas de canções editadas ao longo de uma brilhante carreira, Airton Pimentel, destacou-se no cenário musical brasileiro com importantes obras do cancioneiro gaúcho, como a "Trilogia do Boi", e "Festa do Boi Pitanga", em que retrata as disparidades sociais, em comparação com os animais desta espécie, que matem entre si, a solidariedade, sentimento dificilmente cultivado entre os homens de nossa sociedade, que se caracteriza pela individualidade. Airton Pimentel, a tua participação na história do Rio Grande do Sul tem sido marcante, num crescendo galopante da nossa música, da nossa cultura. E, é falando com o coração, com a mesma linguagem que usas na composição de tuas canções que falam de nossa gente, de nossa terra, que te dizemos: Porto Alegre te reverencia e agradece, porque a fizeste mais alegre, mais bonita e mais telúrica. É por tudo isso e por muito mais que sabemos que irás realizar pelo teu povo, que te rendemos este preito de gratidão. Porto Alegre, com certeza, é uma metrópole mais feliz, porque recebeu deste músico uma contribuição de amor e respeito com sua gente. Airton Pimentel, receba, hoje, do povo de Porto Alegre, que tanto te ama, através dos seus 33 representantes, o prêmio Lupicínio Rodrigues, prêmio máximo dos músicos. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Dr. Rogério Favretto, Membro da Comissão dos Direitos Humanos, aqui representando a Ordem dos Advogados do Brasil, Seção do Rio Grande do Sul.

Saudamos os companheiros, funcionários do Setor de Segurança da Assembléia Legislativa, aqui presentes, com quem convivemos durante quatro anos.

Saudamos os cantores, músicos e artistas que vêm prestigiar o seu colega Airton Pimentel.

Com a palavra, o Ver. João Dib que falará em nome da Bancada do PDS.

 

O SR. JOÃO DIB: Exmº Sr. Ver. Dilamar Machado, digníssimo Presidente da Câmara Municipal, nosso homenageado de hoje, Doutor Airton Pimentel Silveira, e Srª Zeni Silveira; Doutor Carlos Branco, neste momento representante do Prefeito Municipal, Srs. Vereadores, meus Senhores e minhas Senhoras. Evidentemente, muitas são as formas de comunicação que as pessoas encontram e, por certo, a música é a mais bela forma de comunicação e a forma universal de comunicação e é tão bonita que o pronunciamento da nossa querida Vereadora, que propõe justamente a homenagem, é tão bonito que parecia uma música. E depois dela falar se torna um pouco mais difícil. Mas o Airton Pimentel recebeu, por certo, muitas homenagens, muitos prêmios todos sem dúvida merecidos, mas talvez nenhum tão grande quanto este que está recebendo por proposta de Letícia Arruda, é que neste momento é a Cidade de Porto Alegre e mais do que todas as comendas que tenha por aí recebido, porque é a Cidade que o viu crescer que o acompanhou que o estimulou e que lhe disse obrigado, porque fala naquela linguagem que todos entendem, mesmo para as crianças quando nascem e ainda não falam o ninar da mãe é uma canção, faz com que as crianças se acalmem, se tranqüilizem e se sintam bem. Então, aqueles que fazem músicas realmente são beneméritos, aqueles que fazem músicas, música que comunica, música que transmite, têm o direito de ser homenageados e merecem ser homenageados e só alguém com a alma da Letícia para lembrar tão oportuno momento, tão certa homenagem que recebe o nosso Airton Pimentel. Mas também é claro, Airton Pimentel, que de repente a musa inspiradora dessa música, sua avó, lá estava lembrando o que ensinou. Mas a Dona Zeni talvez tenha inspirado um monte de músicas por aí e isto é muito importante. E a vocês dois, o casal, é que nós em nome da Cidade e querendo homenagear, dizendo que nós esperamos que continue, Airton, com o mesmo entusiasmo, fazendo músicas bonitas, fazendo a alegria de todos nós, porque, num momento de tanta intranqüilidade, de tanta insatisfação, de tanto medo, de repente, ouvir uma música que nos toca no coração, nos toca na alma, vale a pena viver ainda. Não fora a música talvez muita gente já não estivesse aqui no nosso meio. Então continue a trilha de sucesso, continue fazendo música, continue jovem porque a música lhe deixa jovem. E a Dona Zeni há de acompanhá-lo, dizendo que a música é bom. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido a todos os presentes para que, em pé, possamos assistir neste momento à entrega do diploma que concede ao artista Airton Pimentel Silveira o Prêmio Artístico Lupicínio Rodrigues, por sua valiosa contribuição para o enriquecimento das artes nacionais. Convido a Verª Letícia Arruda que procederá a entrega do diploma ao homenageado.

 

(A Verª Letícia Arruda procede à entrega do diploma.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o nosso homenageado, Sr. Airton Pimentel Silveira.

 

O SR. AIRTON PIMENTEL SILVEIRA: Senhoras e Senhores, entre os mistérios sutis desta vida, admira-me muito o casulo, por conseguinte uma Casa de seda donde se desenvolve o sonho de qualquer mortal e principalmente entre nós os homens. A vida é uma chama, ou talvez um sopro, conseqüentemente partimos para a aventura eterna de nossas paixões. Somos pequenos e grandes, portanto pequenas partículas universalizadas. Um mundo em cada célula, em cada gesto. Obviamente, o primeiro entre os cidadãos porto-alegrenses estaria exatamente dentro do mérito desta homenagem, imaginem o último, o mais humilde gaudério e teatino cantador das estradas do Rio Grande do Sul. Evoco Lupicínio Rodrigues na sua alma de cantor de amores para me ajudar a revezar com o seu talento genial para chegar até os anais desta Casa contribuindo inteligentemente com alguma parcela significativa que brilhe no topo desta homenagem a mim auferida. Curvo-me reverente diante da benevolência unânime desta legislatura pródiga que me acaricia com seu gesto amigo.

Sou extremamente grato a Verª Letícia Arruda, que é incansável batalhadora pela causa cultural de nossa comunidade porto-alegrense. Porquanto, faz do seu mandato um postulado em benefício da cidadania.

Agradeço a sensibilidade de todas as bancadas com assento nesta Casa do povo nas referências elogiosas de seus discursos proferidos e por suposto, creio que esbanjaram os dotes de benemerências a tão humilde cantador.

Propositadamente, cito do roteiro de boêmio, livro do também compositor Demósthenes Gonzales que canta a vida e obra de Lupicínio Rodrigues. Uma declaração de amor de Lupi a Porto Alegre, feita em São Paulo, por ocasião de uma vitoriosa temporada na boate Oásis, onde também se apresentavam Dorival Caymmi, Aracy de Almeida e Jorge Veiga. Nessa ocasião, Lupi encurralado por uma certa freqüentadora da boate, mulher de muitas posses de sobrenome conhecido na "society" e que encantou-se por Lupicínio e sua música.

Insistia com o compositor com os mais sedutores argumentos para ele mudar-se para São Paulo. Lupicínio retrucava: "Meu anjo, me desculpa, mas jamais eu vou sair de Porto Alegre. Eu amo esta Cidade, lá nasci e me criei. De vez em quando ela me trai. Mas eu sou apaixonado pela minha Cidade."

Se fixem na elegância metafórica desta construção Lupiciniana. Em matéria de amor e paixão, homem que é homem faz qual o cedro que perfuma o machado que o derrubou.

Mas volta a grã-fina: "Mas pensa bem Lupi, aqui é São Paulo, cidade grande, a maior da América. Você tem é que estar num centro como São Paulo. Vem morar aqui que eu te dou toda a força, na noite, nos jornais, em tudo."

Entre um gole e outro esfregando as mãos Lupicínio reage: "Olha meu bem, eu tenho família em Porto Alegre e também tenho um bar, o Vogue. Eu não posso sair de lá e abandonar o meu bar e meus amigos."

A dona não desiste: "A família você traz com facilidade, bar eu dou o que você quiser, aqui em São Paulo eu dou o bar."

E aí acontece a declaração do amor mais linda de Lupicínio a sua Cidade.

"Tá bem, tu me dás o bar, mas e o pôr-do-sol do Guaíba, quem me dá? Quem é que me dá o Grêmio? A rua da Praia, quem é que me dá o Treviso, o Johnson, o Rubens, o Hamilton Chaves, o Jardim e mais um milhão de amigos, quem é que me dá?"

Pois bem, esse amor "Lupiciniano" é o verdadeiro sentimento da paixão que a gente tem pela terra, por nossa cidade.

E eu me sinto privilegiado neste momento solene em que recebo dos representantes do povo um laurel tão invejado.

Em nome de milhões de gaúchos que como eu fizeram de Porto Alegre a sua cidade amada. Agradeço as honras a mim deferidas na outorga do prêmio Lupicínio Rodrigues. Porquanto o objetivo maior do indivíduo é conquistar a felicidade, ainda que a felicidade seja efêmera como o resplendor de uma estrela cadente ou será porventura sussurro da brisa amena acariciando os trigais, será não obstante a alegria do mistério da dor no parto da mãe dando a luz uma nova vida.

Será a felicidade um concerto solene de orquestras sinfônicas num evento artístico musical. Ou porventura a nobreza mística de coros religiosos ecoando pelos vales, os seus votos de fé. Será na felicidade imitar os pássaros alçando a alma num vôo azul. Se bem que a felicidade é a razão maior da humanidade. É uma bandeira desfraldada pelo amor feita de cânticos apaixonados. Receber do meu povo este prêmio Lupicínio Rodrigues é como uma dádiva que saberei guardar no coração, e sempre me orgulharei de deferência tão significativa para a minha família e diletos amigos que ora testemunham este evento. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Evidentemente que formalismo em Sessão Solene tem que ser quebrado, quando estamos diante de pessoas como Airton Pimentel, sem qualquer formalidade, sem qualquer solenidade. Um homem, como é o homem do Rio Grande.

Antes de anunciar as homenagens a ele, quero registrar a presença do nosso ex-Vereador Getúlio Brizola e agradecer o prestígio a esta Casa, e dizer ao companheiro Airton Pimentel que foi muito bom ouvi-lo falando do Lupicínio Rodrigues, uma figura singular do nosso Estado, poeta da música popular do Rio Grande, do País, insuperável na sua "dor de cotovelo". E quando Lupicínio falava do seu amor por Porto Alegre, e o Airton, por certo, tem o seu amor por Cachoeira. Cada um de nós tem uma cidade pequena no coração, por Bagé também. Eu nasci em São Luís Gonzaga e o meu amor é por São Gabriel. Vejam que é uma questão de nascer acidentalmente em uma cidade e ser criado em outra. Pois eu quero dizer para Airton um pequeno trecho de um poeta de um poeta tão grande, tão ilustre quanto Lupicínio Rodrigues, que é o Fernando Pessoa. Fernando Pessoa tinha uma análise da cidade em que ele nasceu, da vila onde ele nasceu e viveu, Portugal. Ele dizia o seguinte: "a minha aldeia é o maior lugar do mundo e o rio que banha a minha aldeia é o maior rio do mundo porque a minha aldeia é a que eu vejo e o rio da minha aldeia é o rio que eu vejo." Encerra dizendo do amor que nós temos pela terra em que vivemos. As coisas são do tamanho que eu as vejo. Não do tamanho da minha estatura. O que aliás é uma vantagem para mim e para o Airton, senão a gente veria coisas muito pequenas. Os filhos do Airton que estão aqui felizes, sorrindo, parece que querem homenagear o pai. Eu vi gaita, eu vi violão. Formalmente, eu tenho que encerrar a sessão, mas antes de encerrá-la eu quero saber se alguém do meio, e no caso dos filhos são bem do meio, não é? Do meio familiar, afetivo do Airton, se quiserem se manifestar que o façam agora ou calem-se para sempre. Já pegaram o violão.

 

O SR. AIRTON PIMENTEL SILVEIRA: Bom, convoco os cantores para que suba ao palco. Convido o Daniel Torres que é um talentoso cantor e grande amigo, principalmente grande cantor, acho que vai cantar um número. O Marcelo não trouxe o instrumento como sempre. Bem, o Alexandre, talvez hoje seja a sua estréia. Ele como um grande solista de violão, talvez venha trazer aqui uma ária especial. Não vou citar o nome de ninguém, porque poderia faltar o nome de alguém, mas podem crer que eu estou feliz como nunca estive na minha vida, acho que estou nos braços de Deus, estou nos braços da amizade de vocês. Então vamos à interpretação dos nossos jovens.

 

O SR. DANIEL TORRES: Boa tarde a todos. É motivo de orgulho estar nesta homenagem tão merecida do Airton Pimentel, eu que posso considerar ele meu segundo pai porque quando vindo do interior do Rio Grande do Sul, em 1983, tive a felicidade de cruzar no caminho com o Pedrinho, o Marcelo. E um dia, uma noite, num aniversário do irmão do Pimentel, uma semana antes, eu consegui tirar do estojo do violão do Pedro uma letra do Luís Coronel e melodia do Airton Pimentel e eu decidi fazer uma surpresa para o Airton. No aniversário dele, do irmão do Airton Pimentel, eu cantei esta música que foi a primeira música que eu cantei nos festivais do Rio Grande do Sul e tive a felicidade de ser consagrado o melhor intérprete, com essa música do Airton Pimentel, que eu canto agora de improviso, para ele que tanto carinho me deu, e que agora um pouquinho deste carinho estou retribuindo, Airton Pimentel.

 

(É feita a apresentação do Sr. Daniel Torres, "Versejando em campo aberto".)

 

O SR. PEDRO: Então, nós vamos apresentar "A Festa do Boi Pitanga".

 

(O grupo faz a apresentação.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaríamos, como toda solenidade, de encerrar com chave de ouro com fecho dourado; vamos ter a honra de registrar nesta Casa o talento e a voz de Airton Pimentel Silveira.

 

O SR. AIRTON PIMENTEL SILVEIRA: Com o desconto da precariedade e também da minha voz que já é um pouco precária, ainda mais com este "garrotilho" danado, eu vou cantar para todos os senhores uma canção que eu fiz para me apresentar no Congresso, Congresso Federal do Senado e da Câmara Federal, junto aos parlamentares de Brasília.

 

(É feita a apresentação.)

 

O SR. AIRTON PIMENTEL SILVEIRA: Com a licença do Presidente, consultaria a platéia para saber se há algum cantor ou compositor que queira fazer uma apresentação.

 

O SR. PRESIDENTE: A Câmara não cobra nada.

 

O SR. PEDRO CAMBOIM: (Apresenta-se da platéia, de onde assiste à Sessão Solene.) O Patrão do CTG Pousada dos Carreteiros, de Sapucaia do Sul, determinou que fosse prestigiado esses grande artista, com a apresentação do gaiteiro Moisés Silva.

 

O SR. MOISÉS SILVA: (Faz apresentação de uma música de sua autoria, denominada "Cama de Tarimba".)

 

O SR. PRESIDENTE: Queremos agradecer ao Moisés Silva, intérprete e compositor de tão instrutiva música. Agradecemos à patronagem da Pousada dos Carreteiros de Sapucaia do Sul, Sr. Pedro Camboim, e lembrar os presentes que, dia 24 de agosto, acontecerá um evento cultural, lá no CTG, na Rua Farrapos, nº 323, onde haverá uma exposição sobre a Revolução Farroupilha, com a presença de diversos historiadores e um rodeio de trovas.

Meu querido amigo Pimentel, neste momento vamos encerrar esta Sessão Solene, realizada por proposição da Verª Letícia Arruda, para a concessão do prêmio Lupicínio Rodrigues ao nosso Airton Pimentel.

Agradecemos ao nosso prezado homenageado, aos amigos, companheiros Vereadores que aqui nos prestigiaram, à esposa do Airton, seus filhos, enfim, a todos, ao Dr. Carlos Branco, que aqui representou o Sr. Prefeito Municipal.

Está encerrada a presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h05min.)

 

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